The Prague Post - Indígenas se despedem de sua ilha no Caribe antes de ser engolida pelo mar

EUR -
AED 4.017057
AFN 78.200352
ALL 98.593639
AMD 427.634639
ANG 1.957892
AOA 1001.799338
ARS 1176.523215
AUD 1.831432
AWG 1.969968
AZN 1.859512
BAM 1.955142
BBD 2.20584
BDT 132.721109
BGN 1.955537
BHD 0.412244
BIF 3199.523161
BMD 1.093667
BND 1.475739
BOB 7.549116
BRL 6.536629
BSD 1.092422
BTN 94.161605
BWP 15.419941
BYN 3.575224
BYR 21435.875563
BZD 2.194422
CAD 1.555353
CDF 3141.011698
CHF 0.929748
CLF 0.028496
CLP 1093.590904
CNY 8.026751
CNH 8.096232
COP 4836.05383
CRC 560.867751
CUC 1.093667
CUP 28.982179
CVE 109.691969
CZK 25.18694
DJF 194.366373
DKK 7.466359
DOP 69.005308
DZD 146.05048
EGP 56.072202
ERN 16.405007
ETB 141.848182
FJD 2.560767
FKP 0.85927
GBP 0.855521
GEL 3.00762
GGP 0.85927
GHS 16.945921
GIP 0.85927
GMD 78.194662
GNF 9466.782178
GTQ 8.425474
GYD 228.561927
HKD 8.498986
HNL 28.161668
HRK 7.53843
HTG 142.935386
HUF 407.65075
IDR 18662.554478
ILS 4.12009
IMP 0.85927
INR 94.491144
IQD 1432.703928
IRR 46043.385958
ISK 144.914764
JEP 0.85927
JMD 172.498822
JOD 0.775297
JPY 160.385738
KES 141.648391
KGS 95.211483
KHR 4333.108891
KMF 492.695114
KPW 984.274684
KRW 1624.407411
KWD 0.336795
KYD 0.91036
KZT 565.881395
LAK 23688.829858
LBP 97937.890692
LKR 326.647005
LRD 218.180917
LSL 20.527915
LTL 3.229314
LVL 0.661548
LYD 6.069299
MAD 10.419912
MDL 19.396894
MGA 5096.488568
MKD 61.482114
MMK 2296.028085
MNT 3838.517982
MOP 8.743019
MRU 43.594047
MUR 49.324202
MVR 16.84333
MWK 1898.062335
MXN 22.631297
MYR 4.911695
MZN 69.896491
NAD 20.528006
NGN 1694.462038
NIO 40.219596
NOK 11.970569
NPR 150.676471
NZD 1.970378
OMR 0.421037
PAB 1.092432
PEN 4.012115
PGK 4.46978
PHP 62.91214
PKR 306.881726
PLN 4.273493
PYG 8758.374255
QAR 3.982006
RON 4.978261
RSD 117.187497
RUB 93.89305
RWF 1548.632643
SAR 4.105452
SBD 9.095299
SCR 16.208329
SDG 656.739521
SEK 10.976208
SGD 1.481148
SHP 0.859451
SLE 24.881103
SLL 22933.653868
SOS 625.031421
SRD 40.30489
STD 22636.70129
SVC 9.55861
SYP 14219.37655
SZL 20.528326
THB 38.183748
TJS 11.869684
TMT 3.827835
TND 3.378064
TOP 2.561482
TRY 41.565476
TTD 7.409253
TWD 36.157186
TZS 2940.870799
UAH 44.997253
UGX 4054.969711
USD 1.093667
UYU 46.476067
UZS 14152.053021
VES 80.128637
VND 28462.686812
VUV 136.77341
WST 3.109526
XAF 655.796371
XAG 0.036617
XAU 0.000367
XCD 2.95569
XDR 0.815522
XOF 653.471553
XPF 119.331742
YER 268.659229
ZAR 21.537615
ZMK 9844.319252
ZMW 30.452541
ZWL 352.160367
Indígenas se despedem de sua ilha no Caribe antes de ser engolida pelo mar
Indígenas se despedem de sua ilha no Caribe antes de ser engolida pelo mar / foto: Luis ACOSTA - AFP

Indígenas se despedem de sua ilha no Caribe antes de ser engolida pelo mar

Uma comunidade indígena começou a se despedir de sua minúscula ilha no Caribe panamenho antes de se mudar para a terra firme: seus membros vivem amontoados, sem água potável ou saneamento em Cartí Sugdupu, que será engolida pelo mar em alguns anos por causa das mudanças climáticas.

Tamanho do texto:

Cartí Sugdupu é uma das 365 ilhas do arquipélago da comarca indígena de Guna Yala. Seus habitantes vivem da pesca, do turismo e da produção de mandioca e banana, que colhem no continente.

A vida ali não é fácil. Ao calor intenso e à falta de serviços públicos, soma-se a superlotação de mais de mil pessoas vivendo nesta ilha do tamanho de cinco campos de futebol. A população enfrenta, ainda, a elevação constante do nível do mar, que regularmente inunda suas casas.

Magdalena Martínez, uma professora aposentada de 73 anos, borda um tucano em uma mola colorida, artesanato têxtil tradicional dos guna, na casa da família que decidiu abandonar.

"Temos visto que a maré subiu um pouco mais", diz ela à AFP.

"Pensamos que vamos afundar, sabemos que vai acontecer, mas faltam muitos anos, então pensamos nos nossos filhos, temos que buscar algo (...) onde eles possam viver tranquilos", acrescenta.

O governo constata em Cartí Sugdupu "problemas com a elevação do nível do mar, causada pelo aquecimento global, que o país todo sofre", assim como a "superlotação", explica Marcos Suira, diretor do ministério da Habitação.

O governo e a comunidade trabalham há mais de uma década em um plano para transferir 300 famílias para um terreno em terra firme que pertence aos guna.

- Ilhas abandonadas -

Várias ilhas de Guna Yala correm o risco de desaparecer sob as águas. As 49 ilhas habitadas ficam apenas entre 50 cm e um metro acima do nível do mar.

"O fato é que com o aumento do nível do mar por consequência direta das mudanças climáticas, quase todas as ilhas serão abandonadas até o final deste século", prevê Steven Paton, cientista do Instituto Smithsonian de Pesquisas Tropicais (STRI), com sede no Panamá.

"Algumas das ilhas mais baixas (...) ficam inundadas a cada mês com a maré alta", acrescenta.

O governo estima que Cartí Sugdupu será engolida pelo mar por volta de 2050.

A temporada de chuvas piora a situação.

"Chega o tempo de novembro e dezembro e a elevação da maré nos ferra aqui, a ilha fica quase flutuando, tem inundações, afeta sobretudo quem vive nas margens", afirma Braulio Navarro, professor do ensino fundamental.

- Sem água e com luz limitada -

Em Cartí Sugdupu, as residências são extremamente precárias, com chão de terra batida e paredes e telhados feitos de cana, madeira e folhas de zinco.

Não há água potável. Os indígenas precisam sair de lancha para buscá-la nos rios ou comprá-la em lojas no continente.

A maioria não têm luz elétrica de forma contínua. Os ilhéus dependem de um gerador público que é ligado algumas horas à noite, embora alguns usem painéis solares e geradores privados.

Os banheiros são coletivos: cubículos nos píeres onde tábuas de madeira atravessadas sobre o mar servem de sanitários.

Além disso, a superlotação também é um problema. Um relatório recente da ONG Human Rights Watch denunciou que "não há espaço para ampliar as residências, nem mesmo para as crianças brincarem".

"As inundações e as tempestades dificultam ainda mais a vida na ilha, afetando a moradia, a água, a saúde e a educação", acrescentou.

Navarro, que deixará a ilha juntamente com sua família, conta que aos 62 anos precisa se levantar de madrugada e atravessar todo o povoado para ir ao banheiro público.

"Por isso, forçosamente tenho que ir embora para buscar melhor qualidade de vida", diz. "Aqui é um lugar muito quente, gostaria de ir embora rápido porque sei que lá temos luz 24 horas, vai ter ventiladores, ar condicionado, vai haver um benefício muito grande para minha família", acrescenta.

- "Viver dignamente" -

Se o governo não adiar novamente a mudança, os guna vão se instalar no fim do ano ou no começo de 2024 na nova comunidade de 22 hectares em terra firme, a 15 minutos de lancha da ilha.

A nova urbanização é construída em uma colina tropical que foi talada. Os futuros moradores querem chamá-la de Isber Yala, ou Nespereira.

Em seu novo lar, cada família terá à disposição um terreno de 300 m², com casa de 49 m² com dois quartos, banheiro, sala de jantar e cozinha, além de água potável e luz elétrica. Quem quiser, poderá ampliar a casa ou plantar uma horta.

"Estamos contentes" com a mudança, garante à AFP Nelson Morgan, a máxima autoridade indígena do povoado.

Martínez sonha com "um lar para viver dignamente", com água e luz todo dia.

Ao visitar sua futura casa, ela mostra onde pensa colocar a pia, a geladeira e o fogão. Ela diz que pretende ampliar a casa para cozinhar mais confortavelmente, plantar uma horta e rosas no jardim.

"Eu me sinto bem, mas também sinto saudades porque aprendi a viver na ilha e deixo lá muitos sonhos e muitas lágrimas", diz.

Y.Havel--TPP